segunda-feira, 13 de abril de 2009

Uso de Transferência de Embriões para Superar as Perdas por Danos aos Ovócitos e Embriões na Fase Inicial

As tecnologias de transferência de embriões em bovinos foram desenvolvidas principalmente como ferramenta de seleção genética. Teoricamente, a transferência de embriões deveria aumentar a fertilidade, pois falhas de prenhez resultantes de defeitos no ovócito, ovulação, fertilização ou relacionadas à fase inicial de desenvolvimento embrionário poderiam ser contornadas. Tipicamente,a transferência de embriões é realizada no Dia 7 depois do estro e somente os embriões bem desenvolvidos são transferidos. Apesar da vantagem teórica conferida pela transferência de embriões em termos de sobrevivência embrionária, as taxas de prenhez em receptoras em lactação são geralmente iguais às obtidas com inseminação artificial (Rodrigues et al., 2004; Sartori et al., 2006). O sucesso da prenhez após transferência de embriões produzidos in vitro a partir de sêmen sexado é ainda menor que a obtida com IA (Wilson et al., 2005). Melhoras no processo de produção, seleção e transferência de embriões e no manejo das receptoras serão necessárias antes que a TE possa se consagrar como método econômico e eficaz de aumento da fertilidade. Existe uma exceção em que a transferência de embriões usando a tecnologia atual efetivamente aumenta a fertilidade – em vacas em lactação expostas a stress calórico. Os benefícios da TE durante stress calórico já foram demonstrados inúmeras vezes na Flórida (ver revisão de Hansen e Block, 2004) e no Brasil (Rodriques et al., 2004; Demetrio et al., 2006). Com o uso de embriões produzidos a partir de superovulação, as taxas de prenhez pós-TE no verão foram semelhantes às obtidas durante o inverno usando IA. Uma potencial limitação da TE durante épocas de stress calórico é a dificuldade de detecção de estro (Thatcher e Collier, 1986). Este efeito pode ser superado pelo uso de TE em tempo fixo sem detecção de estro pela adoção de protocolos baseados em protocolos como OvSynch para sincronização da ovulação (Ambrose et al., 1999; Al-Katanani et al., 2002b; Franco et al., 2006b). Para condições comerciais, embriões poderiam ser produzidos in vitro a partir de ovócitos coletados em abatedouro e transferidos no verão, pois seu custo seria muito inferior ao de embriões produzidos por superovulação. O mérito genético de vacas doadoras usadas para a produção destes embriões é semelhante ao da população geral de vacas (Rutledge, 1997). Além disso, o uso de sêmen sexado e/ou de touros de alto mérito genético tem baixo custo, uma vez que uma palheta pode ser usada para inseminar dezenas de ovócitos. Embriões produzidos in vitro já são comercializados nos Estados Unidos, embora ainda não tenham as mesmas características dos produzidos in vivo. O sucesso pode ser limitado por problemas eventuais associados a baixas taxas de prenhez, baixa tolerância dos embriões ao congelamento e anomalias nos bezerros produzidos a partir de embriões obtidos
in vitro (ver Hansen e Block, 2004).

Peter J. Hansen
Departamento de Ciências Animais
Universidade da Florida, Gainesville Florida

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